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☝️ Pequeno resumo sobre a Revolução do 25 de Abril.

Sumário

Em 1910 é abolida a monarquia e Portugal passa a ser uma República. Mas a 1ª República é muito instável. Várias correntes lutam para afirmar ideais de esquerda, de direita, tradicionais, monarquicos ou republicanos. Em 16 anos há 45 governos, vários atentados à bomba, intervenções dos sindicatos anarquistas, e assassinatos de personalidades políticas.

Tanta incerteza leva ao golpe militar de 1926, que estabelece uma 2ª República. A ordem estabelecida rapidamente degenera em ditadura, que se consagra como Estado Novo em 1933. Neste governo conservador e nacionalista há pouca liberdade — nem coca-cola se pode beber. Para além do isolacionismo internacional, Portugal está em guerra para manter as colónias, sobretudo Angola e Moçambique. O Estado Novo é liderado por Salazar até ser sucedido por Marcelo Caetano em 1968. A população quer mais liberdade, mas é entre militares que o descontentamento se agudiza. Não querem a guerra, são mal pagos, e as suas queixas são reprimidas.

A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas (MFA) de Otelo Saraiva de Carvalho faz um golpe militar. A população adere em massa, transformando o golpe numa revolução. Os 2 anos seguintes são de incerteza e consomem 6 governos provisórios. As forças de esquerda desde cedo lideram, com muita influência na composição dos governos provisórios. Avançam as nacionalizações, expropriações e controlo da imprensa. Forças conservadoras tentam impor-se num golpe, que falha, e os radicais de esquerda saem reforçados. Mas as eleições de 25 de Abril de 1975 colocam no poder os moderados do centro-esquerda e centro-direita, que são o PS e o PPD/PSD. São eles que vão escrever a nova Constituição. A esquerda radical reage e sube de tom na rua, e pressiona o governo. É o Verão Quente de 1975. Em Novembro de 1975 a cúpula da polícia vigente (COPCON) e do MFA tentam um golpe de esquerda, mas perdem. A 25 de Abril de 1976 entra em vigor a Constituição e há também as primeiras eleições para a assembleia legislativa e governo. Estas confirmam o centro no poder (PS, PPD). Mário Soares é o Primeiro-Ministro e Sá Carneiro a oposição. O General Eanes é eleito presidente. Ficamos em Democracia!

Resumo

O contexto da revolução

Em 5 de Outubro de 1910 Portugal é proclamada a República e abandonada a monarquia.

A 1a República que começou era muito instável. Em 16 anos sucedem-se 45 Governos e 7 Parlamentos, uma abundância de tentativas de golpes, atentados à bomba, e a intervenção direta e violenta do sindicalismo anarquista. Os partidos não se entendem, nem entre eles nem mesmo dentro deles. Por outro lado, outras forças tentam a aproximação a um regime messiânico com tendências absolutistas e conservadoras (Sidónio Pais), e existem mesmo correntes fascistas.

Em 28 de Maio de 1926 dá-se um golpe de Estado de origem militar e fortemente anti-liberal, que abre a 2ª república.

Em 1933 a ditadura solidifica um plano ideológico e político, e passa a chamar-se Estado Novo, com Salazar como seu líder. Este dirige Portugal durante várias décadas.

Em 1974 a economia está a crescer, mas poucos sectores da sociedade estão satisfeitos. Salazar estava decrépito e longe do poder, e desde 1968 que a ditadura é encabeçada pelo seu sucessor Marcelo Caetano. O Estado Novo é conservador e fortemente nacionalista, anti-comunista e anti-liberal, anti-NATO, anti-US etc. Portugal controla várias colónias como Angola e Moçambique, mas está em guerra para manter o seu controlo.

O dia da Revolução: 25 de Abril de 1974

O 25 de Abril começa como um golpe militar.

O Movimento das Forças Armadas (MFA) foi criado porque as médias patentes estavam descontentes. A nossa revolução surge então de razões banais: os militares são mal pagos, a carreira é inexistenet, e querem sair de África. Mas como se vivia numa ditadura, eles não podem sequer manifestar-se ou organizar-se para exigir melhores condições, e então o movimento assume desde cedo também a exigência de tornar Portugal mais livre.

Também ºe importante o papel do General Spínola, pois é crítico da Guerra Colonial, e o seu livro “Portugal e o Futuro” deixa as médias patentes do MFA convictas que têm o suporte para a sua ação na cúpula dos militares.

O golpe é bem sucedido.

Em parte porque a ditadura estava podre e exausta, e o homem forte (Salazar) fora de cena. Mais importante, a adesão da população é imediata e muito expressiva. E assim se passou de um golpe militar para uma Revolução. (Porque uma revolução implica sempre adesão em massa, como quando se diz “a revolução dos smartphones”, e foi isso que aconteceu.)

Depois da Revolução: 25 de Abril de 1974 a 25 de Abril de 1976

Depois da revolução, viveu-se uma enorme instabilidade com o choque de vários movimentos e personalidades.

O General Spínola é o primeiro presidente provisório no pós 25 de Abril de 1974, porque era uma alta patente e crítico da Guerra Colonial, o que era é útil para legitimar o golpe do MFA, e porque Marcelo Caetano deixa claro que apenas assumiria a derrota perante ele. Mas o Spínola também é conservador, o que choca com a corrente política mais forte do MFA, que é de esquerda/ esquerda radical e é liderada pelo Otelo Saraiva de Carvalho.

Assim, o MFA bloqueia algumas decisões do Spínola. Enfraquecido, em Junho forma novo governo provisório com o Primeiro Ministro Vasco Gonçalves (outro militar), originalmente moderado, mas que também vira progressivamente à esquerda.

O Spínola fica desagradado com o início da desconolonização (ele queria a federalização) e em Setembro tenta tomar controlo do País. Mas Otelo tinha criado o COPCON, que é a polícia física e política no pós 25 de Abril, e este é controlado por forças de esquerda. Expulsam o Spínola do governo, e metem lá o general Francisco da Costa Gomes, um moderado.

O País vive sob incerteza e instabilidade. 600 mil retornados enchem as ruas, incluindo 100 mil militares, muitos sem cidade, família ou casa para onde ir, pois tinham nascido nas colónias. O Partido Comunista (PCP) e os outros partidos comunistas têm muita força e discutem-se planos para tornar Portugal numa realidade socialista, longe da social-democrata que é agora. A figura comunista mais clara é Álvaro Cunhal, que tinha regressado da Paris onde já liderava o PCP na clandestinidade. As nacionalizações avançam, desde terrenos agrícolas a bancos, passando por negócios e fábricas de vários tamanhos. Ocupam-se casas. Tudo isto gera ainda mais instabilidade.

Em Março de 1975 o Spínola tenta um golpe, falha, e exila-se. Os elementos mais radicais de esquerda formam o Concelho da Revolução e instauram um 4º governo provisório, com o Vasco Gonçalves à cabeça. O falhanço de Spínola gera numa viragem à esquerda.

Começa a destacar-se Mário Soares, que também voltara de Paris à cabeça do Partido Socialista (PS). Um ano depois da revolução, em 25 de Abril de 1975, fazem-se as primeiras eleições livres, para a Assembleia Constituinte. Isto é, são eleições para determinar os partidos que vão criar uma nova Constituição. Destaca-se o centro político. Ganha o PS, seguido pelo PPD (atual PSD), com o PCP a perder força (13%) e o CDS a aparecer pequeno (8%).

O MFA continua a pressionar a assembleia para implementar o seu programa de esquerda, enquanto o PCP pressiona nas ruas através de nacionalizações e mobilização sindical, incluindo o controlo direto um jornal e indireto das redações. É o Verão Quente de 1975.

Os governos provisórios incluiam gente de vários partidos. Mas em Junho o PS e o PPD (PSD) abandonam o 4º governo descontentes com a pressão do MFA e do PCP. Medem-se forças em discursos, artigos de jornal, comícios e nas ruas.

A 8 de Agosto é criado o 5º governo provisório, que inclui o PCP, militares e independentes. O PCP e forças de esquerda controlam várias redações de jornais.

A contestação pelo País cresce, e as sedes do PCP começam a ser vandalizadas.

Em Setembro começa o 6º e último governo provisório, liderado pelo Vice-Almirante Pinheiro de Azevedo e composto pelo PS, PPD (PSD) e PCP.

A 25 de Novembro dá-se uma tentativa de golpe pela esquerda, liderado pelo Otelo, o COPCON e membros do MFA. O General Ramalho Eanes pára o golpe e o COPCON é desmantelado. O golpe está envolto em alguma controvérsia: segundo várias fontes e versões da história, o PCP estava envolvido no golpe, ou autorizou o golpe, ou consentiu com o golpe; noutras versões, a esquerda tentou esse golpe apenas para evitar um novo golpe da direita similar ao de Março de 1975 de Spínola.

Em 25 de Abril de 1976 há novas eleições, dois anos após a revolução e 1 ano após as primeiras eleições para criar a Constituição. Esta é a primeira eleição para o primeiro governo já com a Constituição a funcionar, que foi ratificada a 2 de Abril desse ano e que entra a funcionar precisamente em 25 de Abril de 1976.

Os partidos moderados confirmam a sua vitória. O PS de Mário Soares ganha, o PPD de Sá Carneiro fica em segundo, e o CDS de Freitas do Amaral em terceiro, com o PCP de Cunhal em 4º. Em Junho o General Eanes é eleito presidente.

E seguimos em democracia estável desde então.